Luciana Esmanhotto | Estudos sobre longevidade saudável
11878
post-template-default,single,single-post,postid-11878,single-format-standard,ajax_fade,page_not_loaded,,qode-title-hidden,qode_grid_1300,footer_responsive_adv,transparent_content,qode-child-theme-ver-1.0.0,qode-theme-ver-17.0,qode-theme-bridge,qode_advanced_footer_responsive_1000,qode_header_in_grid,wpb-js-composer js-comp-ver-7.3,vc_responsive

Estudos sobre longevidade saudável

Os 3 grandes perigos

Pesquisadores descobriram que não fumar, beber moderadamente e manter um estilo de vida saudável podem adicionar anos de “disability-free life” (algo como “vida sem comorbidades ou problemas de saúde”). Suas análises envolveram material estudado entre 1998 e 2012, coletado do National Health and Retirement Study, com dados de aproximadamente 15 mil americanos com idades entre 50 e 89 anos.

A parcela mais saudável nunca fumou cigarros, não era obesa (massa corporal entre 18.5 e 29.9 kg/m²), e beberam álcool moderadamente (menos do que 14 drinks por semana para homens e menos de 7 drinks para mulheres). Comparados com toda população americana eles tiveram uma expectativa de vida 7 anos maior e uma estimativa de que uma comorbidade leve 6 anos para “aparecer”.

Segundo artigo do Medscape, achados dos doutores Neil Mehta, PhD, e Mikko Myrskylä, PhD, foram publicados em Julho de 19 no periódico Health Affairs e indicam a magnitude dos ganhos de saúde que podem ser adquiridos se mais americanos adotarem comportamentos de “baixo risco”. Pesquisas prévias focaram nos efeitos de saúde de um único comportamento, como fumar ou beber muito álcool. Estudando os efeitos de múltiplos comportamentos de saúde praticados simultaneamente se providencia novas evidências que melhores níveis de saúde podem ser obtidos sem o uso de “life-extending medical technologies” (tecnologias em saúde que promovam maior longevidade).

Eles encontraram uma diferença marcante entre os melhores e piores perfis. Mulheres de 50 anos que tiveram um bom comportamento em saúde nos três fatores viveram 12 anos a mais que mulheres da mesma idade que nunca fumaram, foram obesas e que não bebiam com frequência ou eventualmente. Para homens a expectativa de vida entre o pior perfil e o melhor perfil foi uma diferença de aproximadamente 11 anos.

Cada um dos três fatores de risco foi associado independentemente com um risco de se ter uma comorbidade mais precoce, sendo a obesidade o fator mais importante. Homens obesos, na média, desenvolveram uma comorbidade aproximadamente aos 63 anos, o que é 3 a 6 anos menos do que quando comparado com a parcela não obesa.

Pessoas com todos os três bons fatores tiveram o maior período de “latência” para o início de uma comorbidade, sendo que os homens neste grupo tiveram o primeiro problema de saúde “crônica” por volta dos 72.1 anos e as mulheres entre 75.2 anos.

O estudo não avaliou fatores genéticos.

Qual a melhor atividade física para se obter uma maior longevidade?
Atividade física é boa para a saúde, mas importa em qual atividade física a pessoa está engajada? Novas evidências sugerem que sim, e nós temos um vencedor…

Investigadores analisaram dados de um estudo “long-term” (realizado já por um considerável período), o Copenhagen City Heart Study. Este estudo prospectivo populacional, iniciado em 1976 e que teve 8577 participantes ao longo dos 25 anos, avaliou vários aspectos de risco cardiovascular. Pessoas sedentárias foram comparados com aquelas que realizam esportes tais como: tênis, badminton, futebol, corridas, andar de bicicleta, ginástica, natação, entre outras.

Cada tipo de atividade física foi associado com maior longevidade comparado ao estar sedentário. Esta informação foi associada com maior expectativa de vida comparado ao estar sedentário. Atividade física parece estar fortemente associada com a melhora da expectativa de vida.

Ponto de vista
Com o foco em números como pressão arterial, colesterol, glicemia e medicações em saúde talvez nós estejamos perdendo o que seria a verdadeira chave para uma vida saudável. Ou, então, talvez jogadores de tênis apenas deem um “sentido” e “propósito” para sua vida. Alternativamente, o maior ganho e os maiores níveis de educação podem ser associados com maior longevidade.

No estudo de Copenhagen, jogadores de tênis e “corredores” tiveram a mais baixa pressão arterial sistólica e os mais baixos níveis de colesterol e o menor uso de medicações.

O estudo EPIC
Dez anos atrás, o estudo EPIC, através de dados de 23 mil alemães entre 35 e 65 anos, concluiu alguns fatores relacionados à saúde:

1) nunca fumar;

2) manter massa corporal menor do que 30 kg/m2;

3) praticar 3.5 horas de atividade física por semana;

4) aderir a uma dieta saudável (grande ingesta de frutas, vegetais e grãos, além de baixo consumo de carne).

Foi descoberto que pessoas que aderiram aos quatro fatores tiveram 93% menos risco de desenvolver diabetes, 81% menos risco de ataque cardíaco, 50% menos risco de infarto e 36% menos risco de câncer. Simplesmente mantendo um IMC menor ou dentro do que seria adequado para aquele indivíduo já há uma redução em 67% de doenças crônicas.

Quando nós prescrevemos uma medicação, os pacientes acreditam que precisam dela, mas podem não perceber que eles podem ganhar alguns benefícios apenas com mudança no estilo de vida. Parar ou evitar a medicação é um fator motivacional que não utilizamos o suficiente.

Maior otimismo = maior longevidade?
Maiores níveis de otimismo, este sentimento que nos diz que, de alguma forma, as coisas ficarão “bem”, estão ligados a uma maior longevidade?

Para responder esta questão foram utilizados dois estudos de coorte: o Nurses’ Health Study (com aproximadamente 10 anos e um “follow-up” de 70,000 mulheres) e o Veterans Affairs Normative Aging Study (com aproximadamente 30 anos e um “follow-up” de 1400 mulheres). Os participantes foram questionados o quão fortemente eles concordavam com a seguinte expressão: “Em tempos incertos, eu geralmente espero o melhor” e “No geral, eu espero que mais coisas boas aconteçam comigo do que coisas ruins”. Com isto, tinha-se uma pontuação de otimismo.

Altas pontuações foram fortemente ligadas a uma maior sobrevivência. Mulheres que obtiveram as maiores pontuações de otimismo viveram 15% mais do que aquelas com as menores. Homens que estavam entre os mais otimistas viveram 11% a mais do que aqueles que obtiveram as piores pontuações.

Como médicos, nós devemos encorajar nossos pacientes com a famosa frase que encerra o filme “A Vida de Brian”, feito pela companhia inglesa Monty Python e eternizada na voz de Eric Idle: “Olhe sempre para o lado bom da vida”.

Tags: